terça-feira, 7 de junho de 2016

Ela tem um olhar intenso como ela 
Seu sorriso não faz tipo
Eles se comunicam
Sorriso e olhar 
Quando ela chora, a lágrima transborda no olho mas deságua na boca 
Ela entende que sua alegria não existiria sem os fios da tristeza 
Então ela tece a manta dos seus sentimentos 

Sentido e escrito 
Fernanda Vieira 

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Carta à Asma Alérgica


Cara ASMA,

Sei que você tem sido uma companhia não muito desejada, mas presente em toda minha vida, principalmente na minha infância. Época essa, que fez minha mãezinha passar noites em claro comigo, que me privou de tomar homéricos banhos de piscina e chuva, meus preferidos até hoje e me roubou a companhia dos ursinhos de pelúcia. Isso não se faz senhora Asma!

Na adolescência, você me deu uma trégua, afinal era coisa demais para mim, mas depois você voltou com tudo, não foi?

Sei que é uma doença mal interpretada nos livros e no cinema, o que é muito bem feito para você, mas uma desfeita aos acometidos por esse mal. Quando colocam personagens com asma, sempre associam à imagem de pessoas frágeis e limitadas, o que é totalmente falso. 

Você é perturbadora, mas por sua persistência chata, asmáticos geralmente são pessoas intensas que querem aproveitar quando estão bem. Valorizam a respiração, tem uma percepção maior de sua importância e a fazem com mais consciência e menos automatismo. Quem tem falta de ar, só pode ser forte, porque se fosse fraco não resistia à primeira crise. 

Costumam colocar em novelas ou filmes, uma cena bem típica em que a pessoa não consegue beijar o seu amado por causa de você. Isso me faz rir dessa generalização errônea desses autores sobre o assunto e por lembrar-me um episódio em que eu, em plena crise, fui beijada pelo meu primeiro namorado e instantaneamente a crise passou. Meu corpo se encheu de adrenalina e endorfina e você sumiu, escafedeu-se.

Aos asmáticos, indico esse tratamento: amar, apaixonar-se, beijar, abraçar, namorar e fazer amor. Bons antídotos e muitas vezes melhores que a bombinha ou o aerosol.

Então voltando a nossa relação conturbada, digo que em meu caso, você contribuiu e muito para tornar-me alguém forte, que sabe nadar muito bem (potencial adquirido em mais de 8 anos de treinos de natação), percebi que poderia conviver com você sendo disciplinada no meu tratamento e assim  tomando banhos de piscina, mar, chuva sempre que desse vontade. Para evitá-la tenho uma vida saudável, uma alimentação balanceada e pratico exercícios, pois nunca cogitei a idéia de ser alguém preguiçosa, sou ativa. Entendi  logo que a respiração é o princípio de todo fluxo de energia do meu corpo e a faço com consciência. Aprendi cedo a apreciar a minha vida e amá-la como ela merece, enfim, você tentando limitar-me, só aumentou minha intensidade.

Escrevo-lhe, hoje, para dizer que desista de bater à porta do meu pulmão, buscando abrigo,  parasitar-me e roubar minha energia. Não adianta. Apesar das suas inúteis tentativas, o meu ritmo só aumenta e meu exército de defesa bem munido está cada dia mais blindado ao seu ataque. Então, vê se cansa e não venha me cansar com sua tentativa de me parar pelo cansaço.

Até nunca mais!

Fernanda Vieira

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Adolescência ou Aborrecência?


Hoje, falando com algumas amigas que são adolescentes, resolvi escrever sobre essa fase que lembro com saudade.

Quem disser que essa fase é tão maravilhosa quanto à infância, mente e mente feio. Já vi minha mãe chamar de "aborrecência", mas ela deveria se chamar assim mesmo. A gente aborrece os pais, a gente se aborrece fácil, acaba aborrecendo os professores, os amigos sempre tem um aborrecido com o outro. E os irmãos? O mais velho é aborrecido e o mais novo é sempre mais um motivo para tanto aborrecimento.

Que fase hein? Você não é mais criança, mas também não é adulto. O que você é? Uma mistura total de sentimentos intensos, hormônios latentes e dúvidas frustrantes e a pior delas: Será que sou normal? Que mistura explosiva. E o pior é que explode ânimos alterados, espinhas, medos, inseguranças, dramas e dores emocionais a todo o momento.

É muito complicado, pois além de ter que encarar todos os problemas que você tem nesse mundo “aborrecente”, você recebe da sociedade mais alguns de brinde, exatamente nessa época da vida. Vem àquelas indagações por parte dos adultos quanto à carreira que se quer seguir, geralmente com aquela urgência: E aí? Já sabe para que curso vai prestar vestibular?Ainda não decidiu? E se você sonhou com uma carreira que não é tão bem remunerada ainda vai ouvir: Não, não faça uma coisa dessas! Vai perder seu tempo e vai ganhar pouco! A sociedade cobra que você escolha e que essas escolhas se encaixem no perfil e tudo com muita pressa, até parece que você não passará dos quinze. Se lá, trancado no seu quarto junto de suas dúvidas e angustias tudo já é tão complicado, imagina com toda essa cobrança externa. E lá fora a mãe bate na porta do quarto e reclama que você se tranca o tempo todo e que você é muito esquisito (a).

Alívio é saber que existem algumas coisas que amenizam essa época da nossa vida. Vejamos! Geralmente é nessa época que o corpo muda, costumo dizer que você vai do 0 ao 1000 em pouco tempo. Primeiro você fica estranho (a), depois parece que seu corpo vai moldando e você não tem mais aquelas bochechas que a titia sempre apertava. Aí vêm os (as) paqueras, as paixões... Ah isso é bom, mas dá um trabalho! A adolescência combina com a paixão porque são muito semelhantes. Tudo é muito intenso, tem que ser logo, não dá para esperar. As borboletas no estomago voam a todo instante, a boca fica seca e você parece obsessivo porque só fala daquela pessoa, daquele assunto.

Então você vai tendo uma aula intensiva do que te espera na vida de adulto, com a vantagem que é tempo de errar pra aprender. Vai aprender que aquelas paixões vão acabar e que seu mundo não vai desmoronar por isso.Acaba entendendo que dá pra contar até dez antes de sair falando.Começa a perceber que todo mundo passa por essa fase e que você não é anormal, e fica feliz porque assim como tudo na vida essa fase também passa. Sua visão egoísta de "meu mundo" começa a se desfazer e você percebe que existem problemas de verdade e que milhões de pessoas no mundo enfrentam dores muito maiores que a sua. Aí então, você já vai está sentindo saudade da época em que seus problemas se resumiam aos “grilos” da adolescência.

Não ser popular ou ser popular no colégio não é mais uma prioridade porque você começa a entender que quem gosta de você de verdade nunca mudou com você, esteve ao seu lado no pior e no melhor e aceita você exatamente como você é. E que as decisões que pareciam urgentíssimas poderão esperar, até sua maturidade ser suficiente para tomá-las e que você não tem que se encaixar em rótulos, pois a pessoa com quem você vai ter que prestar contas para o resto da vida da decisão que tomou vai ser você mesmo.

Então não caia em desespero. Você não é anormal e todo mundo, um dia, foi assim.

E vou te contar um segredo: sabe aquela menina ou aquele menino super populares que você daria tudo pra ser um deles? Pode acreditar, eles são milhões de vezes mais inseguros que você e pior, eles descobrirão tarde demais quem, daquele grupinho, são seus verdadeiros amigos. Talvez do grupo inteiro não sobre um. Por que eles demorarão pra saber quem estava ali por amizade verdadeira ou por puro interesse. Você, no seu rico anonimato, simplesmente só tem dois super amigos e estes são seus amigos por que gostam de você como você é. E entre vocês não há o (a) melhor, pois vocês andam no mesmo passo.

Relaxe e aproveite com responsabilidade o lado positivo de ser adolescente. Lembre-se que sua mesada é limitada, mas suas dívidas também são e isso lhe poupa de problemas de verdade. Está na fase de errar e aprender, de reclamar, mas de se aceitar como é. Uma fase pra aprender a se amar primeiro e ter o amor dos outros depois. E juro por Deus, pode acreditar, você lembrará com saudades de tudo isso!

domingo, 13 de maio de 2012


Um breve comentário sobre Resiliência:


Na historia da sua vida você pode escolher dois modos diferentes de perceber e entender o que lhe acontece.

Você pode optar por ser VÍTIMA ou AUTORA da sua própria história. E é exatamente aí que entra a RESILIÊNCIA.

Uma pessoa resiliente é AUTORA da sua história, pois se ergue depois de passar por um trauma ou baque emocional ainda mais forte e confiante.

Aprende com tudo que lhe aconteceu e isso lhe faz mais segura perante a vida. Entende que de alguma maneira precisava passar por tudo que passou e encara como CRESCIMENTO.

A VÍTIMA costuma se colocar na zona de conforto da pessoa ferida, a prejudicada e a magoada. A PENA dos outros é sua fiel escudeira para conseguir atenção e o que mais precisar. Há uma preferência por  buscar e apontar CULPADOS  a  APRENDER com tudo que passou.

E no seu eterno DRAMA de CULPAR, esquece-se de CRESCER, MELHORAR com suas experiências. Mantendo-se CONFORTÁVEL na sua MEDIOCRIDADE de achar que seu problema é o maior e o mais doloroso de todos.
Considero a serenidade e a resiliência qualidades excepcionais em uma pessoa!

Desabafo em Português


Vejam bem, segue um certo desabafo:

" A LÍNGUA PORTUGUESA É UM VERDADEIRO DESAFIO PARA QUEM A ESCREVE...ELA NÃO É FÁCIL. NÃO É MALEÁVEL."
Sabe quem disse isso?
Ninguém mais, ninguém menos que Clarice Lispector, no livro Crônicas para jovens de Escrita e Vida. Então se Ela, tão sábia, tão bem letrada, escritora de vários livros, artigos e crônicas para jornais. Além de português, dominava o Francês, Inglês e Italiano. Se Essa imortalizada escritora foi capaz de reconhecer que a Língua Portuguesa não é fácil, quem de nós, pobres mortais pode contradizê-la. Sintamo-nos muito aliviados, mas não menos compromissados com o aprendizado desta.

Realmente escrever não é fácil, mas nada impede que, na dúvida, se pegue um dicionário ou mesmo consulte o Google. Não custa nada. Entendo que algumas vezes as palavras transbordam, já aconteceu comigo várias vezes e ainda acontece, na ânsia da expressão perfeita, acabamos por atropelar algumas letras ou alguma palavra. Isso acontece porque o conteúdo do que escrevemos vem carregado de nossas vivências, da nossa necessidade de expressão, então podem sair como um grito que vem de uma vez. Nesses casos, uma releitura é o suficiente para que as falhas sejam corrigidas.

Refiro-me mais as pessoas que utilizam as redes sociais da Internet, compartilham frases, expressam-se sem a mínima preocupação com a forma correta das palavras. Nem falo de algo mais complexo como concordância verbal e nominal, mas da escrita simples mesmo.

Tenho enorme prazer em ler e me realizo escrevendo, mas às vezes me bate aquele branco, acabo recorrendo ao dicionário. Gosto da minha Língua, eu a respeito e escrever errado, é bom que fique bem claro, é um desrespeito.

Não é porque é na internet que você pode escrever de qualquer jeito, pelo contrário, sua mensagem com certeza alcançará muitos leitores e a sua falta de compromisso com sua Língua alcançará uma maior proporção.

É uma opinião pessoal e um pequeno desabafo. Não falo das abreviações da internet, mas da escrita das palavras mesmo. Se não sabe, usa outra palavra ou consulta ou não escreva. A Língua Portuguesa agradece.

Louca, eu? Não sei...quem sabe...


Às vezes, algumas pessoas me definem, carinhosamente como: a Fernanda é "louquinha"!


Até entendo que é de uma forma carinhosa, mas acho que há uma visão distorcida, não sou louca, sou feliz. Sou uma pessoa sincera comigo mesmo, não faço "tipo", vivo, me expresso em todos os sentidos, seja com meu sorriso, com meu trabalho, com minhas palavras escrevendo ou conversando, ou ainda pela forma que me visto. E não me sinto ofendida quando as pessoas dizem isso, porque alguém já disse que a normalidade é estéril e eu acredito muito nisso. Sou bem intensa e entendo quando isso não é bem interpretado, pois tem quem pense antes de viver, tem quem viva depois vai pensar, eu me jogo, vivo e já foi. Isso funciona comigo.


E digo mais, faltam criatividade e alegria de viver aos muito ajuizados e pensando assim devo está assinando o atestado de loucura a que me atribuíram, mas não estou procurando dar racionalidade ao meu agir e assino sim, minha liberdade em poder ser como me convém e ainda assim ter ao meu lado pessoas que me amam desse jeitinho, sem retirar nem pôr. Isso é o que considero riqueza. 



O certo é que quem gosta de você de verdade, aceita seu pior e o seu melhor, embora haja ou não sentido no seu jeito de ser e são estas pessoas que merecem sua atenção e carinho.


E como já nos disse Clarice Lispector: "Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada."

terça-feira, 3 de abril de 2012

Ser alegre ou ser triste? ESTEJA alegre ou triste, SEJA você!

Andam falando por aí de uma tal ditadura da felicidade. Explicam que, nos dias atuais, as pessoas se sentem na obrigação de estarem felizes ou buscarem incessantemente essa tal felicidade. Como se o contrário disso fosse comprovar uma falta de capacidade ou incompetência. E como um estado permanente de felicidade é quase impossível, muitas pessoas fingem alegria, omitem seu verdadeiro estado emocional, se deprimem como reação a essa tal ditadura.

Costumo dizer que há, na verdade, muitas receitas prontas de como devemos levar essa vida. Se você já leu um livro de auto-ajuda, vai entender o que eu digo. E isso é que nem remédio medicado para alguém que dá certo, mas que não tem nenhuma garantia que servirá para você. Talvez por isso meu gosto literário, apesar de muito eclético, não se estende a esse tipo de leitura. Há alguns exemplares dessa qualificação que me atraem, mas quando trazem uma narrativa bem elaborada, uma história que prende minha atenção e não receitas prontas, pois estas não me servem.

Não quero, nem de longe, dizer que não podemos aprender com as experências de vida de outras pessoas. Conversar com amigos mais vividos, ouvir relatos de superação, ler sobre histórias de pessoas resilientes que venceram, tudo isso é sim muito enriquecedor e pode nos trazer muito aprendizado. Só não aprecio a idéia do "faça assim" e você vencerá.

Acredito sim, que cada um, como disse o poeta "sabe a dor e a delícia de ser o que é". Então cada um, mesmo sem saber, tem ou pode criar sua própria receita. Cada pessoa é sim capaz de buscar o autoconhecimento, se permitir com uma boa dose de amor próprio dissecar aqueles sentimentos mais escondidos, aqueles que pensamos esconder até de nós mesmos, que muitas vezes nem queremos reconhecê-los. E nesse submundo das emoções escondidas, dos sentimentos retraídos, é que guardamos as travas que nos impedem de encontrar o que chamo de sua própria receita.

Quanto a essa ditadura da felicidade, não creio que nada parecido me pressione, seja pela alegria ou muito menos pela tristeza. Sou alegre por natureza e como costumo dizer, feliz por decisão.
Como todo ser humano normal, tenho meus momentos de tristeza, introspecção, isolamento, as vezes exploro esses momentos para escrever, pensar ou então curto minha fossa da maneira mais apropriada, chorando e falando sozinha como se fosse minha própria analista. A tristeza é muito fértil, te faz refletir, te faz valorizar os instantes de alegria. Ícones das artes cênicas, da música, da literatura tiveram em suas depressões emocionais o ápice de suas carreiras.

Quando falo dessa minha alegria, jamais suponham que ela é constante, apenas na soma dos meus estados de espírito, ela será muito mais recorrente. É que sou do time dos sorrisos fáceis, das gargalhadas fartas, daqueles que gostam de amarelo, que cantam mais alto que o som sua música predileta, dos que se permitem rir de si mesmo quando o sapato solta a sola e vira aquele jacaré, enfim, sou da turma que é perdida pela frase do poeta: "é melhor ser alegre que ser triste, alegria é a melhotr coisa que existe".

Longe de qualquer obrigação, isso tudo pra mim, é uma questão de preferência. E como me permito seguir minha própria receita. Vou provando o resultado dia a dia e dos diversos sabores e desabores, concluo por enquanto, que gosto de me sentir assim: uma aprendiz na cozinha da vida, testando minha própria receita, errando ali, acertando aqui, rindo de mim mesma, mas ciente de que o Chefe é generoso, é Pai, a receita é minha e o principal paladar a agradar também é meu.